Para o delegado de Polícia Civil, Nubio Lopes de Oliveira, há evidências contundentes que Ozéias Cassimiro de Camargo, 33 anos, despejou gasolina e depois ateou fogo para matar o companheiro Daniel Reis de Camargo, 38 anos. O inquérito que apurava a morte foi concluído essa semana e o acusado foi indiciado por homicídio duplamente qualificado: uso de meio cruel e de recurso que dificultou a defesa da vítima. O crime aconteceu no dia 26 de setembro deste ano, no bairro Moysés de Freitas, em Vilhena. Daniel teve queimaduras de 1º e 2º graus, em mais de 90% do corpo, e morreu um dia após o ataque.
A decisão que levou ao indiciamento foi baseada em depoimentos de testemunhas. Todas elas disseram que Daniel, antes de morrer, declarou que Ozéias foi o autor do ataque após uma briga do casal. A caminho do hospital, a própria vítima teria contado aos bombeiros que Ozéias tinha incendiado seu corpo.
O acusado está preso desde o dia 17 de outubro. Ao se entregar na delegacia ele alegou que Daniel despejou gasolina no próprio corpo para se suicidar, e tentar matá-lo. A polícia descarta essa versão e diz que não há nenhum indício que aponte para suicídio.
Relação conflituosa
O delegado Oliveira declarou em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (24) que o acusado e a vítima eram casados no civil e viviam juntos há alguns anos, porém, o relacionamento do casal era conturbado: “os depoimentos de amigos e vizinhos confirmam que Daniel e Ozéias viviam uma relação marcada por conflitos”. As brigas eram motivadas por ciúmes.
Suposta infidelidade
Daniel descobriu que o parceiro frequentava uma sala de bate papo do UOL e desconfiado que estava sendo traído entrou no chat usando uma falsa identidade. A confirmação da traição virtual levou à discussão que terminou no ataque: “O objetivo dele era saber se o Ozéias aceitaria marcar um encontro com outra pessoa”, pontuou Nubio Oliveira.
Dia do crime
Nas horas que antecederam ao crime Daniel ligou para uma amiga com quem se confidenciava e disse que naquele dia iria ter uma conversa com o companheiro para resolver a situação conjugal. Antes de encerrar a ligação a vítima disse que ligaria mais tarde para contar como tinha sido a conversa. Para o delegado a intenção de retornar o telefone para a amiga demonstra que Daniel não tinha a intenção de cometer suicídio, como alegou Ozéias ao se entregar à polícia.
Crime com requintes de crueldade
Uma vizinha do casal contou ao delegado que viu Daniel com o corpo queimado correr para a rua e pedir por ajuda. Ela afirmou que minutos antes do pedido de socorro escutou gritos e muitas ofensas trocadas entre o casal.
Conforme o delegado, quando Daniel saiu para a rua o portão do quintal ficou aberto e com isso uma cachorra do casal da raça pit bull escapou: “O Ozéias saiu da casa e foi até a rua, pegou a cachorra e a colocou para dentro do quintal, depois pegou com calma um capacete, montou na moto e foi embora”, declarou Oliveira. Segundo o delegado, a vítima estava sentada quando foi atacada de surpresa.
O delegado concluiu que a gasolina usada por Ozéias para incendiar o corpo do parceiro era usada por ele para atividades de campanha: “Ele [Ozéias] estava trabalhando na campanha de um candidato e mantinha a gasolina em casa para a atividades do trabalho”, finalizou Nubio Lopes.
Com a finalização do caso o inquérito será remetido ao Ministério Público de Rondônia que deverá apresentar à Justiça a denúncia contra Ozéias Cassimiro de Camargo por homicídio duplamente qualificado.