A autônoma Marluce Borges, 40 anos, moradora da Kapa 144, Linha 05, Setor União da Vitória, Zona Rural de Vilhena, mãe de três meninas que dependem do transporte escolar prestado pelo município, veio até a redação do Vilhena Notícias na tarde desta quarta-feira, 12 de abril, e relatou sobre os momentos tensos que passou na noite de ontem, quando suas filhas chegaram em casa, por volta das 20h, passando mal depois de inalarem fumaça que saia do coletivo.
Marluce, que foi monitora escolar em Vilhena no ano de 2015, contou que suas filhas, 11, 16 e 20 anos, pegam o ônibus por volta das 11h30 e retornam em torno de 18h30, mas que depois da última quinta, 6, “tudo começou a piorar”.
“- As crianças já haviam ficado um mês sem aula por que não havia ônibus. Aí, na terça da semana passada as crianças reclamaram que esse ônibus estava com problemas e só piorando. Quinta não veio ônibus e sexta foi feriado. Segunda, nada também. Ontem, o ônibus precisou ser rebocado antes de chegar na cidade. Eu sei disso por que minha filha mais velha me ligou quando quebrou. Outro ônibus foi acionado e levou as crianças. Sem contar que chegaram totalmente atrasadas nas escolas”, relatou a mãe.
Ainda no relato, Marluce conta que a volta para casa foi pior. Segundo ela, um buraco no piso do ônibus começou a passar a fumaça que saia dos freios. “Minha filha contou que uma monitora disse para que eles ‘se acostumassem com o cheiro da fumaça’, achei isso um absurdo. E o pior é que eles pararam o ônibus para olhar o que estava acontecendo e deixaram os menores, que já passavam mal, lá dentro. Minhas três filhas passaram mal. A mais nova vomitou muito durante a noite. A do meio teve dor de cabeça intensa e a mais velha, que toma remédio controlado, coitada, disse que a fumaça fez mais mal que os remédios dela”, lamentou.
O ônibus conduz pelo menos 60 alunos da Linha até a cidade. De acordo com Marluce, ao menos 37 deles passaram mal. “O grupo de WhatsApp da Associação não parou durante a madrugada. Pais e mães mandando vídeos e fotos de seus filhos, chorando e passando mal. Hoje de manhã sai para comprar medicamento para as minhas meninas e se houver alguém por aqui que não possa comprar, como fica”, lembrou.
As filhas de Marluce estudam em escolas distantes uma das outras. A filha mais nova, 11 anos, frequenta a escola Ensina-me a Viver (Municipal), a de 16, estuda no Álvares de Azevedo e a mais velha, essa com problemas neurológicos necessitando de cuidados especiais, faz seu curso no CEEJA. Essas duas últimas são escolas estaduais.
A mãe cobra mais interesse por parte de vereadores, prefeito e deputados, tanto para a criação de escolas na Zona Rural, quanto na fiscalização das empresas e ônibus que fazem serviço para município. “É um absurdo pensar que nem um, de 13 vereadores, prefeito ou mesmo o secretário não tenha se atentado para o caos que são esses ônibus”, disparou Marluce.
Por fim, a redação deixa em aberto o espaço para a assessoria da Pasta se manifestar. Vale lembrar que após um mês sem transporte escolar, ao firmar contrato com a empresa que retomaria o processo, a comunicação da administração enviou release informando sobre tal.
Marluce contou que na tarde hoje, 12, um ônibus em condições ‘aceitáveis’ buscou os alunos na Linha em que mora.
Com autorização da mãe, um vídeo sobre sua filha passando mal ao chegar em casa: