MORTE DE CAMINHONEIRO: trama envolve dívida trabalhista e golpe contra seguradora, revela polícia

No dia 28 de janeiro, dia seguinte ao assassinato, o casal de ex-patrões deveria ter pago R$ 38 mil de direitos trabalhistas para o motorista morto

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Fotos: Renato Spagnol

O delegado de Polícia Civil Nubio Lopes de Oliveira revela que uma dívida trabalhista e uma tentativa de golpe contra uma seguradora de veículos compõem a trama do assassinato do caminhoneiro Emerson Valdir Mattes, de 44 anos. O crime foi registrado no dia 27 de janeiro de 2020, em Vilhena. O casal de ex-patrões do motorista está preso preventivamente e é apontado como mandante do crime. No dia 28 de janeiro, dia seguinte ao assassinato, o casal deveria ter pago R$ 38 mil de direitos trabalhistas para o ex-funcionário.

Os investigadores descobriram que o carro usado no crime foi alugado no dia 27 de janeiro, data do assassinato, pelo ex-patrão de Emerson, no entanto, a polícia  não sabe se o casal executou o homicídio ou se contratou matadores de aluguel. Câmeras de segurança instaladas no local do crime mostram que o automóvel Gol para próximo da vítima e o passageiro desce e faz os disparos. Depois o veículo deixa o local.

Golpe contra cooperativa de seguros

A morte do motorista também está relacionada a uma tentativa de golpe contra uma seguradora de veículos. Em 2018, Emerson mentiu para a polícia de Cerejeiras.  O objetivo era ajudar o casal de ex-patrões a receber o seguro de um caminhão que tombou na BR-435.

Delegado titular da delegacia de homicídios de Vilhena, Nubio Lopes de Oliveira.

“O Emerson foi na polícia e registrou um boletim de ocorrência como sendo ele o responsável pelo acidente. Assim, o ex-patrões acionaram a cooperativa para receber o seguro contra terceiros, já que o caminhão dirigido pelo Emerson era coberto e o outro não”, conta Nubio Lopes.

Semanas depois do registro do B.O. Emerson foi demitido do trabalho e teve dificuldades para encontrar outro emprego. “Após ser dispensado, ele voltou na delegacia de Cerejeiras e disse que as informações do primeiro B.O. eram falsas e que mentiu para favorecer os ex-patrões”, declarou o delegado.

Segundo a polícia, o caminhão que tombou na margem da rodovia após o condutor dele estacionar na borda de uma ribanceira, também é de propriedade do casal, mas não tinha seguro.

“O veículo acidentado foi comprado pelos ex-patrões do Emerson, mas os documentos permaneceram em nome do ex-dono. O casal queria se aproveitar desse detalhe para fraudar a seguradora, mas o ex-funcionário, inconformado com a demissão revelou para a polícia e também para a cooperativa de seguros que tudo era uma fraude”, pontuou Nubio Lopes.

Depois disso, a seguradora cancelou o processo de pagamento por danos a terceiros e cancelou o contrato de seguro do outro caminhão do casal. A polícia não revelou valores da apólice do seguro, mas ressaltou que era uma quantia considerável de dinheiro.

Para a polícia, os elementos apurados na investigação demostram que o casal, de iniciais D. C. S. R. (36 anos) e A. M. DA S. R (36 anos), foi o mandante do crime. O veículo Volkswagen Gol usado no crime foi alugado pelo ex-patrão da vítima na manhã do dia 27 e devolvido ao locador às 21h do mesmo dia. Outro detalhe intrigante é a ausência de imagens das câmeras de segurança da empresa do casal. O local, segundo a polícia, possui várias câmeras de monitoramento. “Olhamos as filmagens de vários dias, mas apenas no dia 27 as câmeras não registraram nada, elas foram desligadas no dia do crime”, emendou o delegado.

De acordo com informações da polícia, o ex-patrão do caminhoneiro tem passagens por associação ao tráfico de drogas.

Com a conclusão do inquérito o caso foi enviado ao Ministério Público de Rondônia que deverá oferecer denúncia ao Poder Judiciário.