A faculdade AVEC vem há mais de 20 anos sendo um celeiro de grandes talentos para Rondônia e também para o país. Há centenas de ex-acadêmicos da faculdade que hoje ocupam cargos de alto gabarito pelo Brasil a fora. O caso mais recente é de Diego André Coqueiro Barros, que nasceu em Vilhena e graduou-se em Direito em 2008 com 21 anos de idade.
Diego disse que por começar a faculdade aos 16 anos, não tinha certeza se realmente teria escolhido a carreira certa, porém após presenciar aulas de professores que faziam de suas disciplinas verdadeiros espaços abertos às discussões sobre o Direito, teve a certeza da escolha.
“Também foi nas primeiras aulas que me interessei pela carreira do Ministério Público, pois vi que o Promotor de Justiça é muito mais que um agente público recolhido no interior de um gabinete refrigerado. Ao ter contato com o Tribunal do Júri e, depois, com as atividades extrajudiciais realizadas no Núcleo de Prática Jurídica, tive certeza de que minha vida seria dedicada ao próximo e às causas sociais”, revelou o hoje Promotor de Justiça, Diego Coqueiro.
O atual coordenador do curso de Direito, Alex Luengo, ressaltou a notoriedade da conquista de Diego Coqueiro para o curso e seus professores, “A conquista pessoal e profissional do nosso acadêmico junto ao Ministério Público do Paraná, reflete uma dedicação por parte de nossos professores e da instituição, em solidificar as bases do conhecimento do Direito e fornecer propulsão às conquistas como estas. Teremos na nos próximos anos, mais e mais casos de sucesso como o dele na Faculdade AVEC”, disse o coordenador Alex Luengo.
Confira na integra a entrevista com o notável egresso do curso de Direito, que hoje atua como promotor de justiça na comarca de Santo Antônio da Platina – Paraná:
VN – Por que decidiu cursar Direito, já pretendia seguir na carreira no Ministério Público ?
Diego – Confesso que por começar a faculdade muito cedo (aos 16 anos) eu ainda não tinha certeza se o curso de direito realmente seria a minha vocação. Mas já no primeiro ano percebi que estava no lugar certo, especialmente por ter presenciado aulas de professores que faziam de suas disciplinas verdadeiros espaços discussão.
Foi quando passei a compreender o conceito de cidadania, percebendo que ilegalidade nem sempre quer dizer injustiça. Recordo-me, aliás, da querida Professora Maria Aparecida Gagliardi semeando em nossas mentes um ideal combativo que depois me fez entender uma expressão de Fernando Sabino, que dizia “aos pobres, dura lex, sed lex (a lei é dura, porém é a lei); aos ricos, dura lex, sed látex (a lei é dura, mas estica)”.
Também foi nos primeiros períodos que me interessei pela carreira do Ministério Público, pois vi que o Promotor de Justiça é muito mais que um agente público recolhido no interior de um gabinete refrigerado. Ao ter contato com o Tribunal do Júri e, depois, com as atividades extrajudiciais realizadas pelos membros da instituição, tive certeza de que minha vida seria dedicada ao próximo e às causas sociais.
VN – O que tem a falar sobre o curso de Direito?
Diego – Particularmente, devo reconhecer que o curso apresenta grandes diferenciais em relação aos outros, assim como possui alguns pontos que deveriam ser melhor observados.
No primeiro sentido, vejo que sempre tive bons professores nas matérias basilares. Profissionais como Elício de Almeida e Silva, Evander Dias, Heloisa Prado Pereira, Johnny Gustavo Clemes, Maria Aparecida Gagliardi, Renato Avelino, Renato Bonifácio de Melo Dias, Valdir Antoniazzi e Vera Lúcia Paixão são os referenciais de toda minha base de conhecimento jurídico e moral. Além deles, não posso deixar de lado o magistral Gilson Ely Chaves de Mattos, que mesmo antes de ser professor da AVEC já me ensinava as primeiras linhas de Direito Penal, matéria com a qual mais tenho habilidade acadêmica e técnica.
Sobre as falhas, acredito que não são específicas da Faculdade, mas uma realidade do próprio sistema de educação superior de nosso País. Disciplinas que antes compunham a “perfumaria” do Direito agora normatizam a maior parte de nossas vidas. Infância e Juventude, Meio Ambiente, Probidade Administrativa, Processo Coletivo, entre outros temas, precisam de maior atenção em nossas academias.
VN – Você fez muitos concursos antes de passar neste do Paraná?
Diego – Sim, sendo a grande maioria para o MP. Na verdade, comecei a fazer provas antes mesmo de concluir a graduação. Após os 03 anos de atividade jurídica exigidos para o cargo de Promotor de Justiça, foram 05 certames: Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Amapá, São Paulo e Paraná.
VN – Agora dentro do MP, você pretende fazer carreira em determinada curadoria ?
Diego – Dentro do MP, pretendo aproveitar ao máximo o interior do Paraná, conhecendo a realidade de lugares aonde ainda não chegou o chamado “Sul Maravilha”. Ou seja, terei dedicação especial com as questões mais críticas, a exemplo da Educação, Infância e Juventude, Saúde Pública etc.
Por outro lado, já tenho linhas acadêmicas bem definidas. Sou especialista em Processo Coletivo, assim como desenvolvo estudos em Direito Penal Econômico. Também tenho afinidade com a Defesa dos Interesses Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos. O próximo passo será o ingresso no mestrado e, certamente, envolverá algumas dessas áreas.
VN – Qual seria o segredo para um acadêmico de Direito chegar ao sucesso, que você alcançou?
Diego –Descobrir a carreira que se pretende é o primeiro passo. Cada função exige uma postura, sendo a vocação àquilo que se almeja o ingrediente fundamental. Isso porque as dificuldades são imensas e a busca por um sonho talvez seja a única força para manter-se dedicado aos estudos durante anos de preparação.
Além disso, é necessário que o acadêmico tenha organização, disciplina e, principalmente, paciência. Em um mundo que exige resultados cada vez mais rápidos, estudar para concursos jurídicos pode parecer algo démodé, já que a construção de um conhecimento sólido requer tempo, infinitas revisões e, principalmente, maturidade.
Por fim, creio que o apoio dos familiares e a compreensão dos verdadeiros amigos seja o que mais faz a diferença durante a preparação. Ao longo dos anos de estudo, vi que pessoas de alto saber jurídico desistiam de seus objetivos por falta de um apoio no lar ou então pela derrota diante dos passageiros prazeres da vida.
VN – Em relação a PEC-37, que iria proibir o MP de realizar investigações, qual seu entendimento sobre este projeto ?
Diego –Após 1988, o Ministério Público se transformou em uma instituição genuinamente democrática, porém, mesmo passados quase 25 anos desde a Constituição Cidadã, o Parquet brasileiro é ameaçado pelas nefastas manobras de indivíduos totalmente descompromissados com o próximo e que somente visam ao enriquecimento sem mérito. A chamada PEC-37, que é um exemplo dessas artimanhas movidas por interesses escusos, é somente um anúncio dos ataques que nossa sociedade (não o MP) ainda sofrerá.
Para que se tenha uma noção do que hoje vivenciamos, cito aqui trecho de um artigo recentemente publicado na Gazeta do Povo, segundo o qual o “Brasil, conforme a ONG Transparência Internacional, é um dos países mais corruptos do mundo. Estima-se que R$ 130 bilhões sejam desviados todos os anos com a corrupção. Isso corresponde a cerca de 2,3% do PIB nacional. É tanto dinheiro que, neste montante, caberia 21,6 vezes o orçamento anual da cidade de Curitiba (estimado, para 2013, em R$ 6 bilhões). O Brasil, também, é o país da impunidade dos crimes contra a administração pública. Pelos dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), dos 550 mil presos, apenas 2.703 tinham cometido crimes contra a administração pública”
Por conta disso é que o Ministério Público de hoje busca ter em suas fileiras operadores do Direito comprometidos. Promotores e Procuradores de Justiça não podem ser confundidos com integrantes do Judiciário ou de qualquer outro Poder. Devem, sim, adotar a postura proativa de quem possui a missão de transformar a realidade social.