Jornal diz que médico de Rondônia acusado de mutilar mulheres não é habilitado

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O médico Carlos Cury, acusado de mutilar mulheres durante circurgias estéticas malsucedidas, não tem formação para atuar na área, segundo o Conselho Regional de Medicina. Por determinação do Conselho Federal, Carlos Cury terá que mudar a placa colocada em sua clinica, no Vieralves, onde há a propaganda de que ele é especialista em cirurgia estética.

A beleza transformada em pesadelo

A corretora de imóveis Doris Areal, 49, como toda mulher nunca escondeu sua vaidade. E foi por ser vaidosa, depois de conversar com os filhos e o marido, que resolveu em fevereiro de 2010 fazer uma lipoescultura e uma abdominoplastia. Mas a intervenção cirúrgica, realizado pelo médico Carlos Cury, não trouxe a beleza que ela procurava, mas a mutilação do corpo e depressão.

Doris garante que consultou vários profissionais da área em Manaus, mas por indicação de um colunista social e mais os folders dos trabalhos do médico Carlos Cury, onde relatavam que ele era especializado em cirurgia e estética, obesidade e emagrecimento, ela foi parar na Esteticlin.ama, localizada na avenida João Valério, 64, Vieiralves, no São Geraldo.

Ali, na clínica de Carlos Cury, ela acertou pelos serviços do médico o pagamento de R$ 12 mil.

As dores de cabeça começaram ainda quando ela era levada para o centro cirúrgico do Incor, que Carlos Cury utilizava para realizar suas cirurgias. “Ele me disse: se você fizesse os seios ficaria o máximo. Mas como os 12 mil não estavam incluídos em mais essa cirurgia, o médico cobrou mais R$ 5 mil.

“Ele me levou para um hospital que sequer tinha uma UTI para realizar vários procedimentos cirúrgicos, que não poderiam ter feito em um só momento”, afirma, informando ter consultado diversos profissionais e todos foram unânimes em lhe dizer que os procedimentos não poderiam ter sido feitos em uma hora só.

Depois de ser submetido a doze horas de intervenção cirúrgica, com menos de 24 horas começou o calvário de Doris Areal, ao perceber que seu corpo estava deformado. “Com mais de 30 anos de casada, tinha vergonha de ficar nua na frente de meu esposo”, garantiu.

A luta para voltar a ser a bela mulher que a família e os amigos admiravam, estava começando.

“Depois da cirurgia do Carlos Cury, quando me sentava, lembrava do sapo do meu jardim”, brincou sorrindo, informando que foi parar no Rio Grande do Sul, onde conheceu o outro anjo de sua vida, Almir Nácul, cirurgião plástico, criador da bioplastia, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Mas os problemas de Doris, depois da cirurgia, não eram apenas com a estética. “Eu o contratei para dar maior beleza ao meu corpo e ele me multilou e junto com isso veio a depressão”, declarou, informando que hoje toma 12 tipos de medicamentos, antidepressivos, remédios para dormir e até para se manter acordada.

Campanha no facebook 

Depois de mais um ano de luta para acabar com a deformação do seu corpo e a depressão, Doris Areal ganhou forças e começou dia 26 de maio deste ano uma campanha no facebook para mostrar a sociedade em que o médico Carlos Cury a transformou depois da lipoescultura.

“Como tirei fotos de tudo eu resolvi ir à luta para evitar que outras mulheres fossem vítimas desse homem que não é cirurgião, mas apenas um clínico geral”, disparou, mostrando as fotos depois da intervenção cirúrgica de Cury.

De acordo com Doris, um dos objetivos da campanha, era encontrar outras vítimas de Carlos Cury, e ela garante que conseguiu em menos de 30 dias manter contato com cerca de 31 mulheres e um homem que, como ela, “foram enganados”, segundo a paciente, pelo falso cirurgião plástico.

Ela garante que ao tomar conhecimento através de matéria no Portal do Holanda, de que um desembargador tinha deferido liminar para Carlos Cury, obrigando-a a retirar as postagens contra o médico, mesmo antes de ser notificada, acatou a determinação judicial.

Luta em Brasília (Box)

A corretora disse que Carlos Cury se engana quando pensa que a luta dela era apenas no facebook. “Vou até onde for necessário para cassar o registro desse homem que não é um médico, mas um estelionatário”, disparou.

Ela garante ter procurado o Conselho Regional de Medicina, onde afirma não ter encontrado guarida. Apenas depois de denunciar o “crime” ao Conselho Federal, em Brasília, o caso começou a andar.

CRM confirma que Cury não tem especialização 

Doris Areal jã conquistou a primeira vitória: o Conselho Federal de Medicina já encaminhou ao CRM oficio determinando retirada da placa da clinica de Carlos Cury, onde consta médico cirurgião – cirurgia e estética.

Pressionado, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas emitiu dois documentos, um de 20 de junho, assinado por Antônio de Pádua Quirino Ramalho, Coordenador do Departamento de Fiscalização do CRM, onde consta que Carlos Cury não possui registro de especialização, e outro com assinatura de Jefferson Oliveira Jezini, onde fica claro que medicina estética ou cirurgia estética não faz parte do rol de especialidades descritas pela Resolução CFM 1973/2011.

“Como dá para ver, os documentos comprovam que Cury estã cometendo crime de falsidade ideológica”, declarou, informando que ao solicitar ao CRM a retirada da placa da clinica Esteticlin.ama, deixou claro a direção do órgão que caso nada seja feito todos estariam prevaricando.

Para tirar as marcas da cirurgia malsucedida, Dóris gastou mais de R$ 100 mil com especialistas.

Outras vítimas de Cury

A campanha de Doris Areal a levou conhecer outras vítimas de Carlos Cury. Mulheres simples, que foram parar na clínica do médico, que chegou a distribuir panfletos de uma mega promoção. Autorizada, ela mostrou a reportagem do Portal do Holanda, fotos de A.S, que foi submetida a uma abdominoplastia e teve o corpo também deformado.

Outra vítima de Cury, que procurou a corretora, é identificada por “S” , que juntou dinheiro e pagou pela implantação de silicone nos seios. Mas a cirurgia feita pelo médico também não foi bem sucedida.

A paciente que buscava a perfeição nos seios, os viu necrosarem. “Ela teve de pagar para ele retirar a prótese do lado direito”, informou a corretora, que junta com outras mulheres vão ao Ministério Público cobrar uma providência.

Cury punido em Rondônia

O médico Carlos Cury Mansilla, que é ex-deputado federal, já foi suspenso em setembro de 2006 pelo Conselho Regional de Medicina de Rondônia (Cremero) por 30 dias por infração ao Código de Ética Médica.

Em entrevista ao Rondonoticias, dia 29 de março de 2009, cerca de 30 dias depois dele ter operado Doris Areal, Carlos Cury, falou da importância de procurar profissionais qualificados na área de estética.