Aprovação de Lula segue em queda após troca na comunicação

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Pesquisa Genial/Quaest indica queda de cinco pontos percentuais na aprovação do presidente e alta de seis pontos na avaliação negativa sobre seu governo. Crise do Pix é destaque negativo. // Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Paulo Pimenta deixou a Secretaria de Comunicação (Secom) do governo Lula em 14 de janeiro, mas a popularidade do presidente não melhorou desde que Sidônio Palmeira assumiu seu lugar. Pelo contrário.

Na comparação com pesquisa Genial/Quaest divulgada em dezembro, a aprovação do petista caiu cinco pontos, de 52% para 47%, enquanto a desaprovação foi de 47% para 49%. Já a avaliação negativa sobre o governo subiu de 31% para 37%.

“A deterioração da aprovação do governo aconteceu com mais força na região Nordeste. Em apenas um mês, governo perdeu quase 10 pontos de aprovação. No Sul, o governo perde 7 pontos. É o pior resultado do governo nas duas regiões”, disse Felipe Nunes, diretor da Quaest.

Imagem: Reprodução / Genial/Quaest

Baixa renda

A queda na aprovação ocorreu com mais intensidade no eleitorado de renda baixa, no qual variou sete pontos negativamente, e de renda média, com redução de cinco pontos. “Os anúncios feitos pelo governo para atingir quem ganha até 5 salários não parecem surtir o efeito esperado”, analisou Nunes.

Cresceu também o número de brasileiros que acham que o país não está indo na direção correta, de 46% para 50%, e também que consideram que Lula não tem conseguido fazer aquilo que prometeu, de 60% para 65%.

“O volume de notícias negativas sobre o governo voltou a se sobressair sobre as notícias positivas. O patamar de jan/25 é parecido com o de mar/24 quando declarações sobre a guerra em Gaza, as eleições venezuelanas e na área da segurança prejudicaram o governo”, disse Nunes.

Crise do Pix

O impacto mais negativo do noticiário foi causado pela crise do monitoramento do Pix, mencionada espontaneamente por 11% das 4.500 pessoas ouvidas de 23 a 26 de janeiro. O nível de confiabilidade do levantamento é de 95% e a margem de erro é de um ponto percentual.

“Quando perguntamos diretamente, 66% dos brasileiros acreditam que o governo federal errou mais do que acertou diante da polêmica do PIX. Não há o que discutir, parte do problema foi criado dentro do próprio governo”, disse Nunes.

O diretor da Quaest destaca ainda que a percepção sobre a economia continua majoritariamente negativa. “Apenas 25% reconhecem que a economia melhorou no último ano”, comentou o responsável pela pesquisa.

Comunicação?

“Grande parte dessa percepção negativa sobre a economia vem do alto preço dos alimentos, que para 83% dos brasileiros subiu no último mês – o maior percentual da série histórica”, disse Nunes, completando:

“E para piorar, a solução especulada pelo governo para lidar com a alta dos alimentos não foi bem recebida: 63% dos brasileiros são contrários a mudança no sistema de validade dos alimentos. Ou seja, se a medida foi pensada para buscar popularidade, o tiro saiu pela culatra.”

O diretor da Quaest finalizou a análise afirmando algo que O Antagonista vem dizendo desde o início do ano passado, quando a popularidade de Lula começou a cair e o governo optou por atribuir tudo a um mero problema de comunicação:

“Vai ser preciso mais do que uma mudança de comunicação para mudar a rota desses indicadores. Política e gestão terão que andar acompanhados com a comunicação para que uma mudança real possa dar novo rumo ao governo.”

Fonte: O Antagonista