Fernando Cerimedo é um aliado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e teria participado do ‘Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral’, um dos seis grupos golpistas formados no entorno do ex-capitão
O influenciador argentino Fernando Cerimedo. Foto: Reprodução/Instagram
Entre os 37 indiciados pela Polícia Federal (PF) pela tentativa de golpe de Estado no País, o único estrangeiro é o argentino Fernando Cerimedo. Influenciador digital de direita, Cerimedo já chegou a atuar como consultor externo para o presidente da Argentina, Javier Milei.
Ele também esteve presente na campanha presidencial de Milei, em 2023, quando trabalhou como marqueteiro, responsável por coordenar a estratégia digital do político. No país vizinho, ele é conhecido por ter criado a página ‘La Derecha Diario‘.
Já no Brasil, Cerimedo é um aliado do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Segundo Cerimedo, ele é conhecido de longa data do parlamentar, tendo feito um curso com ele no início dos anos 2010.
Na eleição de 2022, o argentino foi uma das vozes nas redes sociais que tentou dar fôlego à narrativa de que o pleito tinha sido fraudado, e que, na verdade, o ex-capitão tinha vencido Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas.
Foi ele, por exemplo, o responsável por divulgar nas redes um ‘dossiê’ com um conjunto de informações falsas sobre as eleições no país. O vídeo chegou a ter mais de 400 mil visualizações.
Sem apresentar qualquer prova, ele disse que algumas urnas fabricadas antes de 2020 teriam dois programas rodando juntos, indicando que elas teriam falhas que poderiam alterar a contagem dos votos.
A participação dele na retórica golpista não é à toa. Com uma ampla rede de seguidores e lançando mão de estratégias de marketing, Cerimedo já reconheceu que seu objetivo é expandir a extrema-direita pelo continente latino-americano. Em entrevista a um portal argentino, Cerimedo resumiu como lida com a estratégia.
“Na campanha de 2018, ele [Bolsonaro] havia falado muito mal dos gays. Como fizemos para reverter isso? Por WhatsApp, começamos a mandar milhares de mensagens de trolls dizendo: ‘Eu sou gay. Bolsonaro pode ser um nazista, mas a economia está bem e vamos viver mais seguros’. A partir dessa influência, parte da comunidade gay o apoiou”, afirmou.
Cerimedo, segundo a PF, integra o que a PF convencionou chamar de ‘Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral’, um dos seis grupos de golpistas que se formaram para tentar manter Bolsonaro no poder. Além dele, foram indiciados outros influencers bolsonaristas na trama, entre eles Paulo Figueiredo, neto do ditador João Baptista Figueiredo, último presidente do regime militar brasileiro.
Fonte: Carta Capital