Exame ginecológico não toca clitóris: 7 dicas pra fugir de abuso no médico

4536
Tem coisa que é inaceitável no consultório ginecológico

Ir ao ginecologista não é nem de perto a situação mais confortável. A tensão aumenta quando o médico é homem.

Claro, um dos motivos é não saber exatamente o que pode acontecer. Foi assim, abusando da inexperiência de pacientes que o então médico José Hilson Paiva foi acusado de estuprar centenas de pacientes no interior do Ceará, no início de Julho.

Mulheres contam situações vividas em consultórios: elas relatam que profissionais pediram que elas ficassem em posições desnecessárias ou fizeram movimentos de introdução dos dedos na vagina que nem de longe se assemelhavam aos exames padrão. Uma das saídas para não sofrer esse tipo de abuso é ter conhecimento e exigir que se respeite uma série de normas que devem ser seguidas pelos médicos. Leia abaixo o que pode ou não ser feito durante um exame ginecológico.

Posso exigir presença de alguém no consultório ginecológico?

Sim. A paciente pode exigir a presença de um profissional de saúde — de preferência, mulher — para acompanhar o exame. Um familiar também pode acompanhar a análise. Caso o médico negue a presença de um acompanhante ou o hospital não ofereça um profissional que esteja presente, a paciente pode recusar o tratamento.

Em algum exame ginecológico há toque no clitóris?

Ou estimulação do clitóris? Não. A análise do clitóris é rara em um exame ginecológico. Mesmo se houver uma queixa da paciente, o médico não toca no clitóris. Nestes casos, a avaliação é visual e serve para detectar lesões ou anomalias. O que pode acontecer é o médico afastar os lábios da vulva para fazer o exame visual. Mesmo assim, não há estímulo, toque ou qualquer movimentação no clitóris.

O ginecologista pode tocar minhas mamas?

Sim. Além do toque vaginal, a rotina inclui exame das mamas para detectar nódulos ou corpos estranhos. O médico faz um toque com a palma do mão nas laterais dos seios e uma leve pressão com os dedos nos mamilos para detectar, por exemplo, secreções que indicam câncer de mama. Não são utilizadas a boca, o olfato ou qualquer outro método para a análise das mamas.

O médico pode usar ferramentas que eu não conheço para o exame?

Sim. Antes de tudo, o médico deve dizer o nome e explicar a função de cada instrumento. O mais comum é o espéculo, que abre o canal vaginal e permite a avaliação visual do colo do útero e também a introdução do exame de toque.

É preciso usar o dedo para o exame de toque vaginal?

Sim. Podem ser usados dois dedos: o indicador e o médio. A paciente fica sempre em posição ginecológica enquanto a outra mão do médico encosta na barriga. “Os dedos são introduzidos no canal vaginal até atingir o colo de útero e deve ser rápido o suficiente para analisar a integridade do colo, vagina, bacia e o toque bimanual (onde a outra mão do médico comprime a barriga da paciente) para avaliação de de ovário ou útero”, explica a médica Fernanda Torras, especialista em ginecologia e obstetrícia pela Federação Brasileira de Ginecologia. No toque, o médico pode questionar se há incômodo, como em inflamações, e detectar, com ajuda da indicação da paciente, o local exato do desconforto.

O médico pode pedir para a paciente rebolar ou fazer movimentos estranhos que são similares a uma relação sexual?

Não. Pode acontecer do médico pedir uma manobra chamada Valsalva durante o toque vaginal. Funciona assim: paciente prende o ar, tosse ou faz força para detectar problemas como incontinência urinária ou movimentação atípica da bexiga.

Como eu sei que o ginecologista é especialista no assunto?

Tem dois métodos. O primeiro é buscar o número de registro do médico no conselho médico regional ou federal de medicina. Os dois órgãos podem conceder todas as informações sobre a trajetória acadêmica e de especialização do profissional. A segunda maneira é buscar o título de especialista do médico ginecologista pela Febrasgo, que comprova a especialização. Vale lembrar que exames iniciais e ginecológicos podem ser realizados pelo chamado médico clínico geral, onde valem as mesmas normas citadas acima.

 

Fonte: Portal UOL/Universa