Deixados “de fora”, profissionais de diversas áreas da saúde fazem carta de repúdio à gestão de Eduardo Japonês

Profissionais foram contemplados inadequadamente em PCCS

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Profissionais de diversas áreas da Saúde, como enfermeiros, fisioterapeutas,  fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, farmacêuticos, bioquímicos, cirurgiões dentistas, biomédicos e nutricionistas estão se mobilizando para uma manifestação pública sobre o que consideram um desprestígio junto a administração do prefeito Eduardo japonês.

Segundo representantes das categorias o PCCS da prefeitura aprovado recentemente, não contemplou esses profissionais. Eles escreveram uma carta aberta a população onde relatam o envolvimento que tiveram com a comunidade durante esses dois anos de pandemia onde ficaram na linha de frente, enfrentando todos os riscos causados pelo coronavírus.

Na carta, os profissionais lembram que muitos dos que enfrentaram a batalha na pandemia, estão adoecidos, física e mentalmente, gastando seus salários, na média de dois salários mínimos, com medicamentos, comprometendo o orçamento familiar.

A judicialização tem sido o único caminho que alguns, isoladamente ou por meio do sindicato, tem utilizado para garantir direitos como licença prêmio, insalubridade e gratificação por pós graduação.

Hoje a Câmara de Vereadores aprovou o projeto 6.437/2022, de autoria do poder executivo, que altera o anexo III da Lei nº 5.792, de 14 de junho deste ano, que institui o Plano de Carreira, Cargos e Remuneração dos Servidores Públicos da Secretaria Municipal de Saúde, concedendo aumento de 50% no vencimento básico dos médicos.

A aprovação do aumento aos médicos é prova clara de que as demais categorias da saúde ficaram com 25%, dentre as quais, a chamada classe “D”, não recebeu aumento algum, segundo os organizadores do manifesto.

Leia a carta dos profissionais da saúde, na íntegra:

 

É sabido que assim como a classe médica os profissionais enfermeiros, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, farmacêuticos, bioquímicos, cirurgião dentistas, fisioterapeutas, biomédicos e nutricionistas formaram linha de frente no enfrentamento da pandemia de COVID-19.

Aos profissionais da saúde não havia a opção de home office ou de realização de atendimentos a distância, nós, tivemos que estar frente a frente com a morte todos os dias. Frente a frente com o medo e insegurança de levar contaminação para nossos lares e familiares.

Quantos de nós fomos contagiados múltiplas vezes pelo COVID? Quantos de nós convivemos com a solidão de precisar ficar distante de nossos amigos e familiares por estarmos diretamente no fronte?

Quantas vezes nossos limites humanos, nossas vidas, nossa saúde mental e física, foram colocadas em risco ao enfrentarmos cargas horárias de trabalho extenuantes. Férias sendo canceladas, horas extras sendo imploradas pelos gestores para que o serviço não parasse e a população de Vilhena pudesse ser bem atendida.

Nunca se apagará da nossa memória o dia em que ultrapassamos todos os limites de mortes naquela Central COVID, simplesmente não tínhamos mais onde acomodar tantos corpos.

Hoje, quantos servidores da saúde estão adoecidos e afastados por questões de saúde física e mental? Gastando seus 2, 2 salários mínimos para sustentar suas famílias e realizar seu tratamento. Como um servidor desses consegue sustentar sua família? Muitos estão trabalhando doentes, pois sabem que se pararem, não terão condições mínimas para sustentar suas casas com dignidade, quem dirá para se tratar.

Esses profissionais foram os únicos que não foram contemplados com os reajustes concedidos pela prefeitura de Vilhena. Os reajustes para outros profissionais variaram de 25 a 50%. Mas os profissionais então classificados na classe “D” não receberam qualquer reajuste Infelizmente, direitos já conquistados como gratificação de pós-graduação, insalubridade e licença prêmio não estão sendo efetivados.

Quantos de nós precisamos judicializar individualmente ou pelo sindicato para receber aquilo que nos é de direito. Investimos em formação para estarmos capacitados para atender nossos usuários e após a conclusão, entramos com o processo de gratificação que perdura por 3.. 4.. 5 anos para serem pagos. Profissionais que trabalham por dois, mas recebem 1 férias, 1 aposentadoria e quando doentes, corta-se todas as suas gratificações.

Os profissionais de nível superior ganhavam 5 salários em 1996 e hoje ganham apenas 2, 2 salários. Em comparação como salário mínimo de 1996 a perda salarial é de 144,44% e em comparação ao salário mínimo de 2016 a perda salarial é de 38%. Atualmente as profissões citadas recebem apenas um pouco mais que dois salários mínimos.

Em outros municípios como Ariquemes (salário base gira em torno de 4.452,00), Ji-Paraná (3.341,59), São Miguel do Guaporé (4. 137, 44), Urupá (4.773,71), Buritis (4. 473,54).

O próprio Imposto Municipal Sobre Serviço de Vilhena (ISS) nos cobra 5% sobre um salário hipotético de mais de 4500,00, valor este, que nem o próprio município paga a um servidor da mesma categoria.

Todos profissionais na área da saúde investiram financeiramente e se dedicaram durante quatro a cinco anos em regime integral ou noturno, para ter uma formação acadêmica.

Pagam anuidades para seus conselhos de classe, Investem em formação e pós graduações, para prestar cuidado às mais diversas enfermidades. É árdua a jornada de cada profissional para proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente e sua família, principalmente em época de pandemia.