Funcionários da Friboi de Vilhena denunciam coação para não aderirem a ação coletiva de cobrança de insalubridade

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Foto: Paulo Mendes

A equipe do VILHENA NOTÍCIAS recebeu, com exclusividade, denúncias de que o frigorífico JBS estaria coagindo funcionários dos setores de produção, a não assinarem procurações ao Sindicato da categoria e seus representantes jurídicos, afim de pleitearem judicialmente, valores retroativos relativos ao benefício de insalubridade que não vem sendo pago pela empresa.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Estado de Rondônia – Sintra Intra, nos últimos dias, mais de 700 funcionários da Friboi estiveram na sede para buscar orientação sobre seus direitos em relação à insalubridade não paga pela Friboi nos últimos dez anos. Grande parte deles assinou o documento, mas, outros se sentem coagidos pela empresa e temem perder o emprego.

Vários funcionários narraram ao sindicato e à advogada que cuida do caso, que o setor de recursos humanos da empresa está chamando um a um para “conversar” sobre o assunto. Segundo eles, não há uma ação deliberada de censura, porém, a empresa estaria tentando persuadir os funcionários a desistirem de assinar o documento, usando estratégias psicológicas, como por exemplo, lembrar o funcionário do tempo de serviço que ele já presta à empresa e que esta relação é uma “parceria importante para os dois lados”, no que para eles, soa como uma clara demonstração de que poderá haver sanções. Alguns mencionaram que o RH da empresa chegou a prometer pagar o benefício a quem desistir da demanda judicial.

Um cálculo médio sobre o benefício, indica que os trabalhadores deixaram de receber um valor próximo a R$ 10 mil reais, baseado nos cinco últimos anos de trabalho. Houve casos e quem trabalhadores da Mafrig, que teriam recebido até R$ 38 mil reais, considerando um benefício judicial que lhes garantiu retroatividade nos últimos dez anos. Cada valor dependerá do tempo de serviço, do salário e do setor em que o funcionário trabalha, revelou a Dra. Michely de Freitas, do escritório Coloni e Wendt que representa o sindicato.

A advogada disse que muitos funcionários que procuram o escritório, sem conhecer seus direitos, desistiram de assinar o documento, com medo de serem demitidos por justa causa e que a luta por esse e vários outros direitos dos trabalhadores da JBS, é constante. Várias ações coletivas e individuais já foram ganhas, devolvendo aos funcionários um direito que deveria ser pago mensalmente, sem necessidade de intervenção judicial.

A advogada tem orientado os funcionários a buscarem seus direitos sem temerem represálias, já que eles não podem ser demitidos por justa causa simplesmente por discutirem judicialmente o que lhes é garantido por lei. Ela lembrou que as condições de trabalho dentro do frigorífico, trazem consequências irreversíveis a muitos trabalhadores. As baixas temperaturas e ruídos altos, podem causar inúmeras doenças e até a perda da audição, em alguns casos. Para ela, o benefício não é apenas um recurso imediato para resguardar o trabalhador. A insalubridade contará para efeito de cálculo da aposentadoria no final da trajetória do funcionário da Friboi.

O presidente do sindicato, Marcos Cardoso dos Santos, disse que o problema está acontecendo também na unidade da JBS de Pimenta Bueno, onde o a situação é ainda mais grave, e no frigorífico Mafrig, em Chupinguaia, mas, garantiu que o sindicato está tomando todas as providências e medidas a fim de coibir abusos por parte da Friboi.