Há cerca de um ano a menina Lorrayne Sara da Silva mobilizou toda a cidade de Vilhena ao ser seqüestrada por um desconhecido a caminho da escola. A menina ficou 9 dias sob a tutela do criminoso em uma casa abandonada no Parque Industrial. Nesta semana o VILHENA NOTÍCIAS foi até a casa de Marta Ferreira da Silva, 27 anos, mãe da menina, hoje com sete anos.
Depois de um dia inteiro de trabalho, Marta conversou com a reportagem e expôs que muitas coisas mudaram na vida da família após o sequestro. Ela contou que sua mãe, Arani Ferreira de Lima, 60 anos, depois do episódio ficou muito doente, com problemas no coração e esteve cinco meses em tratamento em Cuiabá, capital matogrossensse.
Agora, Arani está em Vilhena, sendo cuidada pelas filhas. Além disso, Marta diz que paga uma jovem para levar os três filhos para escola: Lorrayne e os irmãos, Kleriton Gutierre de Oliveira da Silva, nove anos e Kliffton Francisco da Silva Gonçalves, 12 anos.
Sobre Lorrayne, Marta revela que a filha foi acompanhada por psicólogo durante seis meses, mas depois do sequestro, a menina mudou de comportamento. Nervosismo, timidez e falta de atenção na escola são algumas das características que a mãe percebeu na filha. “Ela teve crises de choros na escola e ninguém conseguia conte-la. Tive que sair do trabalho e trazê-la para casa”, explica sobre um dos momentos difíceis de Lorrayne.
“Acredito que ela se lembre do que passou e fique desesperada”, conta. Marta disse também que ficou traumatizada com o caso. “Há algum tempo, vi um homem no mercado, muito parecido com o sequestrador e comecei a chorar”, ressaltou.
Desconfiada, Lorrayne também falou à reportagem e disse que gosta de brincar de “mamãe e filhinho”, com a filha da vizinha que vai até sua casa. Na escola, a aula que mais gosta é educação física, onde brinca de bola e pula-corda.
Apesar do trauma, a menina sorri, e quando questionada sobre felicidade, lembra-se de sua avó, Arani, com quem é muito apegada e afirma que é feliz.
Já Marta adverte às outras mães quanto aos cuidados com seus filhos: “Mães cuidem muito de seus filhos, não deixem eles irem à escola sozinhos, pois o que aconteceu comigo, pode acontecer com qualquer um”.
Marta também agradeceu às Polícias Civil e Militar, a imprensa, a comunidade vilhenense e ao grupo Pato Branco que lhe deu uma oportunidade de emprego.
SEQUESTRO:
Lorrayne desapareceu numa sexta-feira, 13 de maio, a caminho da escola. Segundo relatos da mãe, Lorrayne caminhava para escola Cristo Rei, na companhia do irmão Kleriton Gutierre de Oliveira da Silva, nove anos. Ao chegar às imediações da Farmácia Confiança, a menina parou para arrumar a sombrinha e disse para o irmão continuar, que ela iria alcançá-lo.
Quando a menina estava sozinha, um homem com uma bicicleta se aproximou, oferecendo-lhe carona até a escola. A menina recusou por duas vezes, mas antes que pudesse recusar a terceira vez, o homem a pegou pela cintura e tapando sua boca, a colocou na bicicleta.
Ele levou a garotinha para uma casa abandonada e muito velha, nas imediações da rodoviária de Vilhena e depois levou Lorrayne para Comodoro, MT.
Na cidade, uma mulher reconheceu Lorrayne, numa praça, acompanhada pelo andarilho e acionou a polícia. O homem, chamado Pedro dos Santos Grisoski, 50 anos, foi preso e depois encaminhado para Cuiabá, de onde já respondia por crimes sexuais a crianças.
Pedro está preso aguardando seu julgamento, que deve acontecer ainda neste ano, no próximo dia 6 de junho; ele será ouvido pelo juiz da vara criminal de Cuiabá, sobre o caso de Lorrayne.