A deputada federal Sílvia Cristina fez um discurso na tribuna da Câmara dos Deputados, relatando o trágico acidente envolvendo uma carreta e uma ambulância da prefeitura de Vilhena, vitimando o motorista José Florêncio, a médica Laura Maria, a grávida de 36 semanas Fernanda Lino, que perdeu o bebê, e a mãe dela, Silvana Lino. Outras duas pessoas ficaram feridas, uma delas em estado grave, a enfermeira Thaisa Costa, que se recupera no João Paulo II.
Ela lamentou as mortes e fez algumas indagações, pedindo mais investimento para assegurar uma rede de apoio às grávidas dos municípios do interior, cobrando ajustes nos protocolos de regulação e se colocando à disposição para contribuir com recursos, para ajudar a descentralizar esse setor tão sensível da saúde.
“Como representantes eleitos pela sociedade, qual o nosso papel para assegurar saúde digna, respeito e acolhimento para as pessoas que se utilizam da rede pública? O acidente escancarou a necessidade de uma descentralização da saúde ainda maior e mostrou que falta padronização no protocolo de regulação, infelizmente”, afirmou a parlamentar.
“A Fernanda morava em Alta Floresta do Oeste tinha uma gravidez de risco e foi encaminhada para Vilhena, tendo a sua mãe como acompanhante, para que pudesse receber o devido acompanhamento e suporte de uma UTI neonatal, necessária para o caso. Mas, ao chegar a Vilhena, não tinha nenhuma UTI neonatal disponível”, relatou a deputada.
A decisão foi encaminhar Fernanda para Porto Velho, ocorrendo a tragédia a menos de 50 quilômetros do destino final. “Como essa regulação foi feita, fazendo uma grávida de risco rodar 300 quilômetros para ter um suporte que não estava disponível? Como funciona esse sistema de regulação? Quero pedir ao secretário estadual de saúde, coronel Jeferson, que faça uma revisão nesses protocolos, que padronize esses protocolos, que se crie um sistema regulatório que trate os pacientes não como números ou prontuários, mas como pessoas, seres humanos e que merecem respeito!”, completou Sílvia.
A parlamentar disse ainda que “pedir ao secretário e ao governador que se estabeleça uma rede de acolhimento no interior para as grávidas em situação de risco. Não pode ser a única alternativa colocar as mulheres numa ambulância com destino à capital e me coloco à disposição para contribuir, no que for possível e necessário, para que possamos criar essa rede de apoio”.
Ela citou ainda que, em Cacoal, o prefeito Adailton Furia implantou o hospital infantil e poderia ser firmado um convênio para que a unidade acolhesse pacientes em situação de risco, como o caso da Fernanda, vindos das cidades da Zona da Mata e de outras regiões mais próximas.
Por fim, Sílvia Cristina citou uma frase sempre dita pelo Henrique Prata, presidente da fundação Pio XII: “No Brasil, pobre morre sem ter que morrer”.