Vilhenense que foi à Bolívia para fazer cirurgia está “presa” em meio ao caos político do país vizinho

“Há recessão de alimentos, os mercados abrem na parte da manhã e as pessoas vão a pé, formam enormes filas e pagam preços absurdos por coisas como água que é essencial”.

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No último domingo, houve eleição para presidente, da qual, num processo descaradamente fraudulento, Evo Morales se candidatou e se declara reeleito, escreveu em sua rede social a vilhenense

A reportagem do Vilhena Notícias conversou na tarde desta sexta-feira (25) com a bacharelada em direito e administradora empresarial, Angélica Kaiser, moradora da cidade Vilhena, mas que há cerca de um mês está na cidade de Santa Cruz de La Sierra, presa em meio ao caos político que vive o país vizinho e impedida de voltar ao Brasil, já que as fronteiras do país estão fechadas.

Angélica foi à Bolívia realizar uma cirurgia no dia 26 de setembro e se hospedou na casa da mãe, que acabou de se formar por lá e aproveitou para rever seu irmão, cunhada e uma sobrinha que também moram em Santa Cruz. A passagem de volta da vilhenense estava marcada para o último dia 22, terça-feira, porém, no domingo, 20, foi declarado o Paro Nacional e ela, assim como seus familiares, estão impedidos de ir sequer à rua.
“Estava reservada a passagem para chegar em San Inácio, entregar minha permissão de permanência no país e seguir para o Brasil. Os Anillos (rotatórias por onde se tem acesso à cidade) estão bloqueados, ninguém consegue se locomover. Temos alimentos, graças a Deus, estamos seguros, porém, reféns dentro de casa. Quem sai de carro corre o risco de ser apedrejado ou coisa pior. Diante de tudo isso, estamos presos em casa. As manifestações são consideradas pacíficas, mas a realidade é outra, são violentas sim”, contou.

No último domingo, 20, houve eleição presidencial na Bolívia, e pela contagem dos votos, era necessário segundo turno entre o atual presidente, Evo Morales e Carlos Mesa. Porém, Evo se declarou reeleito e isso inflamou a população boliviana que, anteriormente, por referendo, declarou não aceitar nem mesmo sua candidatura. Por esse motivo foi declarado um paro nacional indefinido, e todas as fronteiras foram fechadas. Houve recontagem de votos com resultado de 10,36% a mais de votos ao Evo, e o mesmo se nega a ir para o segundo turno.

“Minha indignação é que, querem lutar por liberdade, mas nos obrigam a sermos reféns dessa situação. Gostaria apenas de ir pra casa, para meu país onde resido, tenho família, trabalho, tenho compromissos. Minha mãe estava pronta para ir comigo porque minha irmã está prestes a ganhar bebê em Vilhena”, lamentou Angélica. Que além do marido, deixou em Vilhena uma filha de 16 anos.

Angélica postou um texto no Facebook e enviou algumas fotos e vídeo à reportagem que mostram o caos no país:

Sobre a #Bolívia

No último domingo, houve eleição para presidente, da qual, num processo descaradamente fraudulento, Evo Morales se candidatou e se declara reeleito.

Antes da eleição houve um referendo no país onde o povo declarou não querer mais Evo no poder…se quer como candidato, muito menos como presidente.

Porém, esse cidadão repressivo, se recusa a aceitar a vontade do povo e age como se tudo estivesse normal!

Este homem quer destruir as igrejas cristãs no país e tornar a sua religião como única, quer impor leis destrutivas tais como as que o PT queria impor ao Brasil.

Esse mesmo homem se diz democrata …se sente um semi-deus.

Na primeira contagem dos votos, domingo, resultou em segundo turno…mas Evo surtou! Se declarou reeleito e provocou uma revolução no país.

O povo foi pra rua…foi decretado um paro Nacional indefinido.

Estou em Santa Cruz de La Sierra, não por minha vontade, mas porque as fronteiras estão fechadas…as ruas estão fechadas…o comércio está fechado…não se pode circular mas ruas…

Em alguns pontos da cidade há confrontos violentos, quem foi pra rua, foi pra enfrentar e não pra conversar.

Um país inteiro prejudicado …até Deus sabe quando.

É horrível estar confinado sem se quer votar aqui…estou aqui obrigada!

Sei que Deus cuida da minha vida e da minha família, mas é triste viver tudo isso.

As pessoas mandam mensagens relatando que já não têm alimentos em casa…outras não têm como conservar os alimentos…São muitas as dificuldades que atingem essa nação.

Esse é um breve relato do que realmente está acontecendo.

Peço a você que levante um clamor…ore…peça a Deus pra agir neste lugar.

Que essa intervenção tenha um fim, que nós que somos estrangeiros, tenhamos o direito de retornarmos às nossas casas.