A final da Libertadores, principal campeonato de futebol da América do Sul, colocou frente a frente dois times com bons resultados dentro e fora de campo. Após sair perdendo, o Flamengo virou nos minutos finais, com dois gols de Gabigol, e conquistou o título após 38 anos. A vitória deve impulsionar também as finanças do clube.
De um lado estava o argentino River Plate, atual campeão continental, que em pesos dobrou seu faturamento nos últimos dois anos, para 2,1 bilhões de pesos, ou 58 milhões de dólares. De outro estava o Flamengo, time com maior receita das Américas, que faturou 140 milhões de dólares em 2018 e que até setembro deste ano já acumula 167 milhões de dólares.
Os dois clubes conseguem um feito raro no continente: gastam menos do que arrecadam. O River teve um custo com futebol de 29 milhões de dólares ano passado (50% da receita), ante 90 milhões de dólares do Flamengo (65% da receita). “Até pouco tempo atrás, especialmente no Brasil, o time campeão gastava tanto que fechava no vermelho. O Flamengo está conseguindo aumentar as despesas e as receitas”, diz o consultor Amir Somoggi, fundador da consultoria SportsValue.
Segundo cálculos de Somoggi, os bons resultados em campo podem, num ciclo virtuoso, impulsionar o balanço do Flamengo a ponto de colocar o clube num novo patamar: o primeiro bilionário do futebol brasileiro. Líder do campeonato nacional, o Flamengo deve embolsar 60 milhões de reais com o título; na Libertadores, o troféu vale 19 milhões de dólares. Com os quase 30 milhões de dólares de premiação, o faturamento já embolsado este ano e o quarto trimestre por vir, o clube carioca pode fechar o ano perto dos 250 milhões de dólares — ou mais de 1 bilhão de reais.
É uma receita sem precedentes no futebol Brasileiro, e que permite extravagâncias como gastar mais de 500 milhões de reais por ano com futebol. Mas que, pela taxa de câmbio, ainda deixa o clube distante dos maiores do mundo. O britânico West Ham, vigésimo em faturamento, embolsou ano passado 200 milhões de dólares.
Mas Somoggi afirma que a evolução na receita e uma eventual valorização do Real podem fazer o Flamengo entrar no grupo de clubes de destaque na Europa, como o alemão Borussia Dortmund e o espanhol Atlético de Madrid, que faturam na casa dos 300 milhões de euros. Os campeões, em campo e fora dele, são os espanhóis Real Madrid e Barcelona, que faturam na casa dos 700 milhões de euros.
O título contra o River Plate ajudou nesta escalada do Flamengo. O próximo desafio é o mundial de clubes, que começa no dia 11 de dezembro, no Catar. O principal adversário é o britânico Liverpool, que em 2018 faturou mais de 600 milhões de dólares, ou mais de 2,5 bilhões de reais.
Por Redação Exame