Aos 70 anos, servidora luta contra câncer sem poder se afastar do trabalho em Vilhena

Agente trabalha na Casa de Detenção de Vilhena. Há três anos foi diagnosticada com câncer no pulmão direito

3593

A agente penitenciária da foto é Elma Oliveira, tem 70 anos e trabalha na Casa de Detenção de Vilhena. Há três anos foi diagnosticada câncer no pulmão direito, e segue conciliando as atividades no presídio com os tratamentos de quimioterapia e radioterapia. Mas ela é um exemplo para os colegas. Não se entrega, e vê a fase difícil como mais um desafio a ser superado na carreira.

Elma ingressou no sistema prisional em 1991, e se diz honrada por ter sido a primeira mulher a assumir a diretoria do presídio de Vilhena. “Na época, a transmissão do cargo foi feita pela Polícia Civil, que assumia a unidade antes de mim. Foi um desafio, e ao mesmo tempo uma honra, pois, até então, o cargo tinha sido ocupado somente por homens”, relatou.

Era apenas o início de uma trajetória marcada por muito trabalho e grandes responsabilidades. Elma também foi diretora do albergue de Vilhena, e revela que já acumulou cargos de direção em dois presídios ao mesmo tempo. “Não sei como consegui dar conta! Mas sempre trabalhei bastante, e me dedico ao máximo que posso a tudo que vem às minhas mãos”, declarou Elma.

A dedicação e esforços resultaram num convite do Judiciário. “Fui trabalhar no Fórum à pedido do juiz corregedor”. Mas, com a inauguração do Centro de Ressocialização Cone Sul, em 2012, ela retornou às atividades carcerárias, trabalhando até 2016 neste presídio novo de Vilhena, quando ficou doente e foi diagnosticada com um tumor maligno no pulmão direito.

Aos 70 anos, Elma também luta pela vida. Até aqui já foram 21 sessões de quimioterapia e 32 de radioterapia. O tratamento, iniciado em Cuiabá-MT, segue sendo realizado em Cacoal. E ela ainda tem que encontrar forças para continuar trabalhando na Casa de Detenção de Vilhena, onde atualmente está lotada.

Com a saúde fragilizada, o Estado a favoreceu com a transferência de local de trabalho, já que o presídio novo está distante a cerca de 10 quilômetros da área urbana de Vilhena, enquanto a Casa de Detenção está localizada no centro da cidade.

A agente ainda conta com a compreensão de colegas. “Não sei o que seria se os diretores do presídio onde trabalho não fossem tão humanos!  Isso não quer dizer que passam a mão na minha cabeça. Cumpro as determinações. Mas eles entendem as minhas limitações”, comentou.

Contudo, a maior necessidade de Elma é parar de trabalhar, para descansar mais, e recompor as forças minadas com o tratamento agressivo contra o câncer – esta é uma recomendação médica. Mas, se ela afastar do trabalho terá uma perda salarial de cerca de 50%, devido a retirada dos benefícios, garantidos por lei, como adicionais de Isonomia, de Insalubridade, de Risco de Vida e Adicional Noturno.

O motivo é que os valores relativos à esses benefícios não estão consolidados no salário base dos agentes de Rondônia. Dessa forma, o Estado retém quando esses servidores saem da ativa: quando se aposentam ou quando adoecem e se afastam por licença médica. “Meu salário já vem descontado pelo banco, dos empréstimo que fiz para custear meu tratamento. E com a retirada, vai ficar praticamente nada! Por isso não posso me afastar”, lamentou Elma.

“O Adicional, por ter natureza jurídica de vencimento, deve ser a ele incorporado, com incidência nas demais vantagens, a exemplo do Adicional Noturno, cuja base de cálculo deve incluir também os valores recebidos a título de Adicional de Isonomia”.  Esse foi o entendimento do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ/RO), em processo que resultou na incorporação do Adicional de Isonomia ao vencimento do servidor da Polícia Civil. (Processo n. 0007675-74.2013.8.22.0000).

ACORDO

Há um acordo entre o Estado e o Sindicato da categoria (Singeperon), homologado pelo Tribunal de Justiça, para a implantação do realinhamento salarial dos agentes, contemplando a incorporação dos benefícios no salário base. O orçamento, inclusive, foi analisado como viável por técnicos do Estado, após estudos orçamentário e financeiro, e foi aprovado pela Assembleia Legislativa. Falta o governador Marcos Rocha cumprir o acordo judicial.

 

Fonte:  Ascom Singeperon