Após vários internautas entrarem em contato com a redação do VILHENA NOTÍCIAS pedindo uma reportagem sobre a quantidade de fotos e vídeos íntimos de garotas menores e maiores de dezoito anos, o site buscou entrevistar autoridades ligadas à exposição de menores como delegados, promotores, conselheiras tutelares e teve uma grande surpresa. Nenhuma delas quis sequer tocar no assunto nem como forma de alertar pais e os próprios jovens, o assunto é tido como tabu pelas autoridades vilhenenses.
Mesmo sem uma confirmação por parte da delegada, responsável por estes casos, que se recusou veemente a dar qualquer declaração, em Vilhena já são mais 16 casos conhecidos publicamente onde meninas, a maioria de alta classe social, tem suas fotos intimas e vídeos expostos. Além de menores de idade, jovens meninas universitárias e até empresárias estão passando por momentos delicados após terem sido expostas.
Grande parte das fotos e vídeos é divulgado através do programa conhecido como “Whats APP” desenvolvido especialmente para bate-papo por celular. Os casos envolvem meninas com idade de 14 anos até empresárias com mais de 40 anos.
O VILHENA NOTÍCIAS procurou a psicóloga do Centro de Referências de Assistência Social (CRAS), Alcina Maria Borin Antunes, que topou falar sobre os casos, segundo ela a adolescência nada mais é que um período de reafirmação. “Antigamente os comportamentos eram outros, hoje para eles ser virgem é ser careta, e ter status é mostrar que sabe fazer, que tem experiência, por isso eles estão o tempo todo querendo se reafirmar, encontrar um lugar na sociedade”, disse a Alcina.
Outro fator que a psicóloga acrescenta é a mídia. “A mídia cria estereótipos e padrões de belezas que os jovens tentam seguir, tudo isso pode influenciar no comportamento de um jovem”, afirma.
Recentemente no Brasil houve duas mortes de garotas que se suicidaram ao ter vídeos de relações sexuais expostos na internet, e vários outros casos de mulheres e meninas que tiveram o mesmo problema. Hoje juridicamente já existe uma proteção contra a divulgação destas fotos, que penaliza aqueles que postam imagens íntimas sem autorização, a lei 12.737/2012, mais conhecida como lei Carolina Dieckmann que penaliza juridicamente delitos ou crimes de informática desta natureza.
O QUE OS PAIS PODEM FAZER
A psicóloga Alcina destaca que a participação dos pais e responsáveis, a estrutura familiar, é primordial para evitar atitudes como essas. “É muito importante que os pais tenham dialogo com os filhos não só na adolescência, mas que esse ciclo comece desde criança”, garantiu. Para ela o modo de prevenção dessas ações são as orientações e o cuidado que os pais devem ter em relação as novas tecnologias. “Não devemos proibir o uso das redes sociais, celulares, mas devemos ficar atentos para saber o que eles fazem nesses ambientes”, ressaltou Alcina.
E se caso aconteça à exposição de vídeos e fotos íntimos, Alcina alerta que a melhor maneira de lidar com a situação é não julgando. “Não devemos julgar, e sim ajudar a pessoa, e se preciso for fazê-la buscar uma psicoterapia, além de dialogar para que ela não entre em depressão”, salientou a psicóloga.
Alcina classifica que na maioria dos casos as exposições são resultados de problemas familiares. “As vezes a família não tem dialogo, afeto, e tudo isso é importante para o desenvolvimento familiar”, acrescentou a psicóloga, mas fez um alerta, “As pessoas que fazem vídeos para ou com os parceiros, acreditando que não serão divulgados, e de repente os mesmos surgem na internet devem registrar boletim de ocorrência e até procurar um psicólogo se houver transtornos que afetem a vida particular e social”, finalizou.
MEDIDAS JURÍDICAS E DANOS MORAIS
Apesar de uma pequena parcela das exposições terem sido feitas pelas próprias meninas ou mulheres expostas, a grande maioria, ainda é vítima de pessoas próximas, amigos e até parceiros.
O advogado Hélio Daniel De Favare Baptista, coordenador do Núcleo de Prática Jurídica da Faculdade AVEC, orienta que as vítimas expostas, têm suas imagens íntimas circulando na internet, “Primeiramente a pessoa deve registrar um boletim de ocorrência e procurar um advogado para que ele entre com uma ação judicial para retirar ou tentar bloquear a circulação dessas imagens, essa ação deve ser cautelar ou pedido liminar, após esse trâmite pede-se uma indenização pelo uso indevido das fotos ou vídeos, acrescentando à ação os problemas gerados por essa exposição”, explicou Hélio.
CASO DE REPERCUSSÃO NACIONAL
A jornalista Rose Leonel, 38 anos na época, posou nua em ângulos eróticos para seu namorados, o empresário Gonçalves da Silva, sem desconfiar que aquela brincadeira poderia ter graves conseqüências em sua vida.
Após algum tempo, em 2006, Rose terminou o namoro e contra sua vontade o rapaz, postou na internet 480 fotos e um vídeo dela em cenas íntimas, que foram parar em sites de prostituição e em sites pornográficos pelo Brasil inteiro, juntamente com o número de seu celular e de sua residência.
A vingança de Eduardo pelo fim do namoro, prejudicou e tumultou a vida de Rose, que mora em Maringá-PR. Ela passou a receber centenas de ligações em seu celular diariamente, inclusive ligações internacionais, todas com propostas indecentes.
Ela acabou demitida do jornal onde trabalhava, pois segundo seus editores teria perdido a credibilidade como colunista social. Seu caso foi parar nos tribunais e nas principais revista do país.
Segundo Rose foi complicado provar que tinha sido o ex-namorado que havia colocado as fotos na internet, mas conseguiu, mas após três anos de batalha judicial, ela ganhou a ação que condenou o empresário Eduardo Gonçalves a um ano e onze meses de cadeia e indenização de uma R$ 30 mil.
DICAS
Os pais de jovens e adolescentes devem entrar num consenso de quando permitirem que seus filhos tenham acesso às redes sociais, a webcams, câmeras, celulares e tablets. Após definidas as regras é necessário ficar atento aos horários que os jovens usam a internet e a quantidade de horas.
Os cuidados mais importantes, tanto para pais, crianças, adolescentes e até adultos podem se resumir aos seguintes itens:
– Colocar senha em tablets e celulares, pois num momento de descuido as fotos intimas podem ser transferidas por blue tooth a outros celulares;
– Os pais devem manter um bom relacionamento e diálogo com as crianças e jovens, saber quem são seus amigos e quais lugares eles freqüentam;
– Os pais devem ensinar o cuidado que se deve ter ao compartilhar matérias, fotos e vídeos nas redes sociais;
– Não adicionar pessoas desconhecidas jamais;
– Nunca repassar, publicar ou compartilhar vídeos, fotos íntimas de outras pessoas nem de si;
– Cuidar da privacidade das contas em redes sociais, cuidando ao inserir endereço, número de telefone e informações pessoais em geral;
CASO ROSE LEONEL, tomou proporção nacional, namorado foi condenado há quase dois anos de cadeia e indenização de R$ 30 mil.
