Sem aparentar nenhum trauma a pequena Lorrayne Sarah da Silva, 7 anos, que esteve por quase oito dias seqüestrada conversou com a reportagem do Vilhena Notícias na tarde deste domingo em sua casa, no bairro Cristo Rei.
A garotinha juntamente com sua mãe Marta Ferreira da Silva, contaram com riqueza de detalhes como aconteceu seu seqüestro e todo o sofrimento pela qual Lorrayne teria passado nesta semana.
SEQUESTRO
Na sexta-feira, Lorrayne seguia de sua casa no último quarteirão do bairro Cristo Rei, com diversos colegas para sua escola que fica ao lado do cemitério municipal, quando no meio do caminho alguns amigos pegaram carona em bicicletas de outro grupo que se juntou a eles.
Lorrayne e seu irmão ficaram para trás, mas um quarteirão adiante, na rua 1511, a menina parou para tentar arrumar sua “sombrinha” que teria quebrado. E avisou ao irmão que poderia continuar e logo ela iria alcança-lo.
Quando a menina estava sozinha, um homem com uma bicicleta se aproximou, oferecendo-lhe carona até a escola. A menina recusou por duas vezes, mas antes que pudesse recusar a terceira vez, o homem a pegou pela cintura e tapando sua boca , a colocou na bicicleta.
Segundo a garotinha, o homem teria dito que se ela gritasse, ela iria “apanhar de verdade”. Lorrayne foi levada para uma casa abandonada e muito velha, nas imediações da rodoviária de Vilhena, que ainda não foi divulgada pela polícia.
Lá a garotinha foi amarrada e mais uma vez avisada, que se gritasse iria apanhar.
DIAS DE HORROR
Por uma semana a menina ficou em seu cativeiro amarrada e de segunda a quarta-feira não teria comido nada. Segundo a mãe de Lorrayne, o seqüestrador identificado até o momento como Ari Filho Terra, dava comida a menina apenas quando ganhava alguma coisa pedindo nas ruas de Vilhena.
Quando voltada sem comida, ele não se preocupava em alimentar a pequena Lorrayne de 7 anos, que também ficou os oito dias sem tomar banho.
Do seqüestrador, ela ganhou um pequeno macacãozinho e boné, para que ficasse parecida com um menino, contou a pequena Lorrayne.
CRIMES SEXUAIS
Apesar de ter sob sua tutela a jovem que ficou boa parte de seu seqüestro amarrada, o seqüestrador não teria chegado a consumar ato sexual, no entanto, a mãe da jovem conta que Lorrayne disse que todos os dias ele ficava esfregando suas partes intimas nela.
Um exame ginecológico foi realizado em Lorrayne, comprovando que ela não foi estuprada pelo acusado Ari Filho Terra.
IDA PARA COMODORO
Na sexta-feira o acusado pegou sua tutelada e seguiu em direção a cidade de Comodoro a 95 Km de Vilhena. No entanto, ele disse à polícia que chegou até a cidade de bicicleta e por estradas vicinais.
E logo que chegou a cidade foi até a praça central para descansar e ver se conseguia comida. No entanto, Lorrayne se aproximou de algumas crianças que estavam brincando e logo foi até um pula-pula para crianças instalado na praça.
A proprietária do brinquedo identificou a menina, pois tinha vindo a Vilhena fazer compras e tinha visto a foto da garotinha num supermercado. No mesmo instante a proprietária que não quer seu nome divulgado ligou para polícia, que chegou de imediato na menina e questionou o senhor que estava com ela.
Ari Filho ainda tentou alegar que era pai da menina, mas todos foram levados para delegacia, onde a menina foi identificada através de fotos e também porque pedia pela mãe a todo o momento.
Segundo a polícia, Ari teria sido solto da cadeia de Comodoro alguns dias atrás, ele estava preso por agredir um garoto de 14 anos nas ruas daquela cidade.
PALAVRAS DO ACUSADO
O acusado disse para a mãe da pequena Lorrayne que sabia que a menina ia para escola sozinha todos os dias e que já tinha passado na frente da casa da avó da criança diversas vezes para saber a rotina da menina.
No entanto, a polícia acredita que o acusado esteja mentindo. Ele está sob vigilância 24 horas na cadeia de Comodoro, pois já teria tentado se matar, após a prisão.
A polícia de Vilhena está pedindo através da justiça a transferência de Ari para Vilhena, onde ele deve ser julgado pelo crime que cometeu.
PALAVRAS DE LORRAYNE
A pequena Lorrayne foi questionada pela reportagem do Vilhena Notícias, se teria alguma mensagem para todos que ajudaram em suas buscas. Um pouco tímida a jovem agradeceu, “… eu quero agradecer a todos que oraram por mim e pela minha mãe. Obrigado” e logo saiu para brincar com seus colegas em frente de sua casa.
Sem demonstrar medo, Lorrayne parece voltar a sua vida normal, mas segundo sua mãe, ela ainda pergunta se o homem da bicicleta vai pegar ela de novo. “Eu digo que ele está longe e não vai mais pegar ela. Agora ela irá de van para a escola. Não posso mais me preocupar e deixar ela com algum tipo de trauma. No próximo dia de aula ela já vai de van para escola”, disse Marta Ferreira, que recebia na casa de sua mãe, diversas pessoas que estavam lhe parabenizando pela luta para encontrar sua filha.
“Eu fico triste com algumas pessoas que falavam coisas sem saber, uma mulher chamada Maura, ligou numa rádio da cidade, falando mal de mim, que eu não estava me mexendo para encontrar minha filha, que era delinqüente, até o radialista do programa, por influencia dessa mulher comentou algo negativo sobre mim. Mas ninguém sabe, que eu fui até Chupinguaia, que andei por todo o Conesul de moto atrás da minha filha, espalhando cartazes e pedindo ajuda. Diversas pessoas em Vilhena me ajudaram a distribuir cartazes. Mas tudo bem, acho que no fundo eles só queriam ajudar. Mas eu quero agradecer o trabalho da polícia de Vilhena, que ficou esses oito dias sem descansar um segundo atrás da minha filha, a todos os sites, jornais e TVs e todos que me deram força e rezaram por mim. E que agora a justiça seja feita”, disse Marta.