Depois de rebeliões que resultaram na morte de 60 presos e nas fugas de mais de 180 detentos em presídios de Manaus, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) emitiu alerta para os estados vizinhos. Autoridades de Rondônia e Roraima foram comunicadas sobre possibilidade de detentos tentarem entrar nos estados que fazem divisa com o Amazonas. A facção que liderou as mortes violentas tem integrantes nos dois estados vizinhos e poderá dar apoio aos foragidos, o que preocupa as autoridades da segurança pública amazonense.
O secretário titular da SSP-AM, Sérgio Fontes, disse que a preocupação é com o possível apoio que integrantes da facção Família do Norte (FDN) possam oferecer para os detentos que fugiram do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), situados no KM 8 da BR-174, que liga Manaus a Boa Vista (RR). As fugas ocorreram no domingo (1º).
“Estamos trabalhando muito próximo desses estados vizinhos Roraima e Rondônia. Muitos preocupados porque Roraima tem FDN [facção Família do Norte] e Rondônia também. Estamos mantendo uma comunicação muito estreita com eles, até mesmo porque eles têm preocupação já que tiveram recentemente confusões nos seus sistemas prisionais parecidas com a nossa, mas claro com menos mortes”, revelou o secretário.
A SSP-AM montou barreiras móveis ao longo das rodovias federais que ligam o Amazonas aos estados vizinhos e conta com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na fiscalização. “Desde começo a Polícia Rodoviária Federal tem nos ajudado porque a fuga vai pela BR-174 e estamos com Abin [Agência Brasileira de Inteligência] e as Forças Armadas estão nos ajudando bastante. Enfim nós não recusamos ajuda e graça a Deus ela tem vindo de todas as formas”, disse Sérgio Fontes.
A Secretaria de Segurança Pública pediu colaboração da população para denunciar qualquer informação que possa levar ao paradeiro dos detentos foragidos por meio dos telefones 190 e 181.
“Se tiver um pouco mais de tempo e quiser detalhar um pouco mais informação temos o 181. Se cosia for urgente e precisar da polícia naquele momento o 190 é o mais indicado. Em todos os casos a identidade do denunciante será preservada”, explicou o secretário.
Entenda o caso
O primeiro tumulto nas unidades prisionais do estado ocorreu no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), localizado no km 8 da BR-174 (Manaus-Boa Vista). Um total de 72 presos fugiu da unidade prisional na manhã de domingo (1º).
Horas mais tarde, por volta de 14h, detentos Compaj iniciaram uma rebelião violenta na unidade, que resultou na morte de 56 presos, membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) e de presos condenados por estupro. O massacre foi liderado por internos da facção Família do Norte (FDN) e foi considerado o mais grave da história do sistema prisional do Amazonas.
A rebelião no Compaj durou mais de 17h e acabou na manhã desta segunda-feira (2). Após o fim do tumulto na unidade, o Ipat e o Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM) também registraram distúrbios. No Instituto, internos fizeram um “batidão de grade”, enquanto no CDPM os internos alojados em um dos pavilhões tentaram fugir, mas foram impedidos pela Polícia Militar, que reforçou a segurança na unidade.
No fim da tarde, quatro presos da Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), na Zona Leste de Manaus, foram mortos dentro do presídio. Segundo a SSP, não se tratou de uma rebelião, mas sim de uma ação direcionada a um grupo de presos.
FONTE: G1