Um em cada quatro empreendedoras no Brasil não se identifica como tal, mesmo possuindo um negócio. Além disso, a baixa formalização, dificuldades financeiras e desafios na conciliação entre trabalho e tarefas domésticas reforçam os obstáculos desse grupo.
Essas informações fazem parte da pesquisa “Nanoempreendedorismo Feminino: Desafios e Motivações”, realizada pelo Consulado da Mulher, com apoio da Whirlpool, Engie e Vert.se. O estudo ouviu mais de 700 mulheres de 22 estados brasileiros.
Tempo de operação e carga doméstica afetam o empreendedorismo
A maioria das entrevistadas ainda está no início de suas atividades. Quase metade, ou 48,5%, atua há menos de três anos. Por outro lado, cerca de 10% das empreendedoras já operam seus negócios há mais de uma década.
Entretanto, muitas relatam dificuldades em equilibrar trabalho e responsabilidades domésticas. Cerca de 47,8% delas dedicam 35 horas semanais aos cuidados do lar. Esse tempo é próximo à carga de um emprego formal de 44 horas semanais.
Além disso, a média de horas dedicadas ao lar por essas mulheres é maior do que a média nacional, que é de 21 horas semanais. Essa realidade torna o desafio ainda mais evidente.
“Conciliar tarefas domésticas e empreendedorismo é uma realidade difícil para essas mulheres”, afirmou Adriana Carvalho, Diretora Executiva do Consulado da Mulher. Ela destacou o objetivo da organização de promover a autonomia financeira e emocional.
Mulheres empreendem sozinhas em ambientes familiares
Outro dado relevante é que 89% das entrevistadas gerenciam sozinhas seus negócios. Apenas 8% contam com um ou dois funcionários. Isso reforça como a gestão solitária pode dificultar o reconhecimento do próprio esforço.
Além disso, 93% das empreendedoras utilizam ambientes domésticos, como suas próprias casas, para operar os negócios. Apenas 7% delas geram mais de R$ 5 mil mensais. A pesquisa também revelou que 16% possuem seus negócios formalizados, sendo a falta de recursos financeiros o principal motivo, apontado por 60% das mulheres.
Capacitação e reposicionamento estratégico
Os dados indicam que a capacitação desempenha um papel importante na trajetória das empreendedoras. Cerca de 80% já participaram de treinamentos, e 85% consideram essas formações importantes para seus negócios.
Por fim, a pesquisa marca o reposicionamento do Consulado da Mulher. A organização busca ampliar suas ações e impactar mais pessoas com soluções adaptadas às necessidades dessas mulheres.
“Já beneficiamos mais de 40 mil pessoas no país. Queremos ampliar esse impacto, oferecendo soluções adaptadas às necessidades das mulheres,” comentou Adriana Carvalho. Ela reforçou o compromisso com a inclusão socioprodutiva e o fortalecimento das empreendedoras.
Fonte: Carta Capital