Começou às 9h desta quarta-feira (23) a sessão do tribunal de júri de Cerejeiras, que julga Ismael José da Silva, acusado de matar a namorada de 17 anos em um suposto teste de fidelidade, em abril de 2017.
A determinação de um novo julgamento acontece porque a defesa do réu e Ministério Público Estadual (MP-RO) recorrerem da sentença do júri realizado em agosto de 2018.
Ismael será julgado novamente pelos crimes de homicídio qualificado (motivo torpe, meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e feminicídio) e ocultação de cadáver.
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Acompanhado do advogado e familiares, Ismael chegou ao Fórum de Cerejeiras por volta de 8h30. Ele não falou com a imprensa e seguiu diretamente para o plenário.
O júri é presidido pela juíza Ligiane Zigiotto Bender. Ao todo, serão ouvidas três testemunhas chamadas pelo MP-RO e cinco pela defesa de Ismael.
ASSASSINATO APÓS “TESTE DE FIDELIDADE”
Segundo consta na denúncia, o crime ocorreu no dia 20 de abril de 2017, onde Diego de Sá Parente e Ismael teriam combinado de fazer um “teste de fidelidade” com a vítima Jéssica (namorada de Ismael).
Para a acusação Ismael cometeu o crime por motivo torpe, pois combinou com Diego, seu primo, em fazer um “teste de fidelidade” com Jéssica e, no momento, por suspeitar que ela o traía, consumara o homicídio. Ismael alega inocência.
1º JÚRI
No dia 23 de agosto de 2018, Ismael e Diego de Sá Parente foram condenados pelo Tribunal do Júri da comarca de Cerejeiras. Diego foi condenado à pena de 19 anos de reclusão, em regime fechado, e 10 dias-multa, no valor de 1/30 do salário mínimo vigente na época dos fatos. Ismael à pena de um ano de reclusão, em regime aberto, pelo crime de ocultação de cadáver.
Os jurados decidiram que Ismael não praticou o homicídio, ou seja, não executou golpes na vítima que ocasionou a sua morte, entretanto decidiram que ele apenas ajudou a esconder o cadáver.
Contra a decisão, a defesa de Ismael José da Silva apresentou, em 28 de agosto do ano passado, recurso contra a condenação por ocultação de cadáver. Em abril de 2019 a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Rondônia anulou a decisão do Conselho de Sentença da 2ª Vara da Comarca de Cerejeiras.
Entre os argumentos da defesa está o horário de registro de saída de Ismael da Silva do local de trabalho: “pelas imagens de câmeras, depoimentos de testemunhas e pelos laudos periciais resta claro que Ismael saiu de seu local de trabalho por volta das 11h16 minutos e Jéssica teve seu corpo levado para local onde foi encontrado às 09h33 conforme se vê nas imagens de câmeras de segurança que mostram a camionete usada para levar a vítima seguindo em direção ao lugar onde corpo foi encontrado”.
Outro detalhe que chama a atenção é um laudo da perícia. Nele o médico perito diz: “a posição do corpo da vítima no local sugere que uma única pessoa teria levado a vítima do veículo até o meio do matagal, [pegando-a] pela região do ombro e pescoço, com o braço esquerdo e com o direito a região posterior do joelho”, o relatório prossegue, “caso [a vítima] fosse carregada por duas pessoas, um deles a [pegaria] região dorsal (costas) e do pescoço, enquanto o outro a região do membros inferiores, neste caso o corpo ficaria em posição mais estendida e, possivelmente em decúbito dorsal (o corpo está deitado com a face voltada para cima)”.
REVIRAVOLTA
Anterior à sentença do dia 23, mais tarde anulada pelo TJ, Ismael chegou a ser inocentado pelo juízo de 1ª instância, mas o Ministério Público de Rondônia (MP-RO) recorreu e conseguiu reverter a decisão no Tribunal.
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DESAPARECIMENTO E MORTE DE JÉSSICA
A adolescente, então com 17 anos, foi morta com 13 facadas após um suposto ‘teste de fidelidade’. A garota que era estudante de uma escola pública estadual e namorada de Ismael da Silva saiu de casa de bicicleta no dia 20 de abril e foi encontrada morta no dia 24 do mesmo mês, na Linha 4, área rural de Cerejeiras.