CASO JÉSSICA: Chega ao 2º dia julgamento do acusado de matar namorada em teste de fidelidade

Réu é julgado pela 3ª vez: nos dois primeiros julgamentos Ismael da Silva foi absolvido da acusação de homicídio qualificado, mas a Justiça anulou os processos e determinou novo julgamento

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Será retomado esta manhã de quinta-feira (24) o 2º dia de sessão do tribunal do júri de Cerejeiras, que julga Ismael José da Silva, acusado de matar a namorada de 17 anos em um suposto teste de fidelidade, em abril de 2017. O julgamento começou ontem às 9h30 e foi interrompido por volta das 20h30.

No 1º dia foram ouvidas sete testemunhas mais o acusado. As duas primeiras foram de acusação. Dois policiais falaram sobre a investigação do desaparecimento da garota, em 20 de abril de 2017. Outras cinco testemunhas foram arroladas pela defesa. Ismael da Silva foi o último a ser ouvido e voltou a alegar inocência. Esse é o 3º julgamento do caso.

A determinação de um novo julgamento acontece porque a defesa do réu e Ministério Público Estadual (MP-RO) recorrerem da sentença do júri realizado em agosto de 2018.

Ismael é julgado novamente pelos crimes de homicídio qualificado (motivo torpe, meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e feminicídio) e ocultação de cadáver.

O júri é presidido pela juíza Ligiane Zigiotto Bender.

ASSASSINATO APÓS “TESTE DE FIDELIDADE”

Segundo consta na denúncia, o crime ocorreu no dia 20 de abril de 2017, onde Diego de Sá Parente e Ismael teriam combinado de fazer um “teste de fidelidade” com a vítima Jéssica (namorada de Ismael).

Para a acusação Ismael cometeu o crime por motivo torpe, pois combinou com Diego, seu primo, em fazer um “teste de fidelidade” com Jéssica e, no momento, por suspeitar que ela o traía, consumara o homicídio. Ismael alega inocência.

1º JÚRI

No dia 23 de agosto de 2018, Ismael e Diego de Sá Parente foram condenados pelo Tribunal do Júri da comarca de Cerejeiras. Diego foi condenado à pena de 19 anos de reclusão, em regime fechado, e 10 dias-multa, no valor de 1/30 do salário mínimo vigente na época dos fatos. Ismael à pena de um ano de reclusão, em regime aberto, pelo crime de ocultação de cadáver.

Os jurados decidiram que Ismael não praticou o homicídio, ou seja, não executou golpes na vítima que ocasionou a sua morte, entretanto decidiram que ele apenas ajudou a esconder o cadáver.

Contra a decisão, a defesa de Ismael José da Silva apresentou, em 28 de agosto do ano passado, recurso contra a condenação por ocultação de cadáver. Em abril de 2019 a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Rondônia anulou a decisão do Conselho de Sentença da 2ª Vara da Comarca de Cerejeiras.

Entre os argumentos da defesa está o horário de registro de saída de Ismael da Silva do local de trabalho: “pelas imagens de câmeras, depoimentos de testemunhas e pelos laudos periciais resta claro que Ismael saiu de seu local de trabalho por volta das 11h16 minutos e Jéssica teve seu corpo levado para local onde foi encontrado às 09h33 conforme se vê nas imagens de câmeras de segurança que mostram a camionete usada para levar a vítima seguindo em direção ao lugar onde corpo foi encontrado”.

Outro detalhe que chama a atenção é um laudo da perícia. Nele o médico perito diz: “a posição do corpo da vítima no local sugere que uma única pessoa teria levado a vítima do veículo até o meio do matagal, [pegando-a] pela região do ombro e pescoço, com o braço esquerdo e com o direito a região posterior do joelho”, o relatório prossegue, “caso [a vítima] fosse carregada por duas pessoas, um deles a [pegaria] região dorsal (costas) e do pescoço, enquanto o outro a região do membros inferiores, neste caso o corpo ficaria em posição mais estendida e, possivelmente em decúbito dorsal (o corpo está deitado com a face voltada para cima)”.

(Imagem extraída) Folha 9 anexada aos autos do processo.
Para a defesa não resta dúvida à não participação de Ismael no crime, “considerando ainda que Diego é réu confesso na ocultação de cadáver”, destaca Shara Eugênio, advogada do réu, que concluí, “houve equívoco por parte dos jurados que decidiram “contrário às provas” que atestam a inocência de Ismael”.

REVIRAVOLTA

Anterior à sentença do dia 23, mais tarde anulada pelo TJ, Ismael chegou a ser inocentado pelo juízo de 1ª instância, mas o Ministério Público de Rondônia (MP-RO) recorreu e conseguiu reverter a decisão no Tribunal.

DESAPARECIMENTO E MORTE DE JÉSSICA

A adolescente, então com 17 anos, foi morta com 13 facadas após um suposto ‘teste de fidelidade’. A garota que era estudante de uma escola pública estadual e namorada de Ismael da Silva saiu de casa de bicicleta no dia 20 de abril e foi encontrada morta no dia 24 do mesmo mês, na Linha 4, área rural de Cerejeiras.

Câmera registra imagem do carro de Ismael saindo do local de trabalho às 11h16 do dia 20 de abril de 2017 (data do crime). O corpo já havia sido levado para o matagal quase duas horas antes. Veja imagem abaixo.

 

Às 9h33 do dia 20 (data o crime) uma câmera registra a passagem da caminhonete usada para levar o corpo da vítima seguindo em direção à estrada onde o cadáver foi encontrado.Fonte: Com informações do G1